terça-feira, 23 de novembro de 2010

A única coisa em mim que nunca quis mudar foi esse meu jeito de não ter lugar. Isso mesmo, de não ter lugar, de não me achar, de não me aquietar... Não cabe, em mim, lugar nenhum e nenhuma explicação, nenhuma rotina, nem nada dessas coisas que tantos prezam. Ao mesmo tempo, não cabe em mim incerteza, incerteza de amanhã, incerteza de amor, incerteza de qualquer coisa que for. Querendo me matar por completo, me dê uma rotina em que todo dia eu não saiba o que farei ao acordar nem consiga pensar no que será o amanhã. Assim preciso me fazer de pequenos, às vezes nem tão pequenos, intervalos de rotinas. Intervalos de acordar, sorrir, beijar, viver, viver, viver, voltar, dormir para mais uma vez acordar. E quando esse acordar, desse jeito, com esse sol, nessa cama, já não for suficiente, que eu possa acordar daquele jeito, sorrir daquele jeito, beijar daquele jeito, viver, viver e viver daquele jeito, para então voltar e dormir daquele jeito. E que assim se siga, até que aquele já não me baste e eu procure outro jeito.
O porquê disso, não sei ao certo, mas tenho teorias que depois de tantas e tão remotas despedidas desaprendi a ter lugar antes mesmo de ter ciência que todo mundo tem lugar. 

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