terça-feira, 12 de janeiro de 2010

Fazem só 7 anos, meu deus, meu sobrinho não tem 7 anos, mesmo assim parece que foi há duas eternidades. Uma outra vida, bem diferente da que levo hoje.

Era o ano de 2002 e faltavam alguns dias para meu aniversario de 15 anos. Vimos na parede de uma livraria, que na época era só uma mínima lojinha em um shopping igualmente mínimo, um cartaz todo colorido que chamava atenção de qualquer um. Colocado bem a altura dos olhos, líamos Oficina de Fanzine. O que diabos era fanzine? Na época, não fazia sentido algum saber o que era, tínhamos o direito de experimentar tudo. Vamos? Vamos!

No dia marcado, ela não foi e hoje não lembro se quer porque, mas eu fui. Não lembro que roupa usava, nem nada. Sei, pelas fotos da época, que meu cabelo laranja já havia desbotado e eu carregava meus fios loiros não pintados conforme as ordens maternas. Sei, e isso sei porque minha memória lembra, que levei um punhado de canetas e minha agenda do ano seguinte.
Não lembro dos detalhes, hoje parece tudo nublado, mas lembro da historia que ouvi naquele dia. Eram pessoas com alguns poucos anos a mais que eu, todos transpiravam alguma juventude que ia além dos 20 e poucos anos. Ninguém, naquela época, havia se formado e poucos que conheci naqueles dias de fato trabalhavam, alguns estagiavam, outros tentavam viver da música, do teatro e punhado dava oficinas daqueles fanzines pela cidade que desde então se tornou cidade solar.

Foi tudo tão rápido, eu tinha ganho um violão de presente adiantado, eu tinha lido muito mais coisa do que muita gente da idade deles, eu sabia decorada a discografia do cazuza e do Pink floyd... Descobri, antes do fim daquela semana, que eles eram exatamente aquilo que eu queria ser, um dia, daqui a alguns anos.

Com eles, além de toda a historia do fanzine, aprendi a compreender diferenças, a me entender como uma dessas diferenças, a não querer me igualar, a não deixar meus sonhos guardados. Ganhei deles a chance de fazer parte de alguma coisa, pela primeira vez na minha vida, e cada vez que revejo ou reconto essa historia me dou o direito de ter uns minutinhos de otimismo.

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