sábado, 6 de fevereiro de 2010

Ate o ano passado saudade era uma palavra do meu vocabulário que só me remetia a minha adolescência. Saudade das aulas gazeadas pra caminhar na beira mar com uma garrafa de coca cola. Saudade da época que tínhamos que virar noites no colégio. Saudade de receber cedinho um abraço de bom dia todo dia. Eu nunca tinha “perdido” ninguém. Meus avós, todos, são vivinhos e saudáveis. Os amigos haviam, no máximo, tornado-se ex-amigos. E o último bicho de estimação que vi morrer foi em 99, antes de entender se quer o que era morte direito. Mas então chegou 2009, disposto a me ensinar a mais cruel das lições: pessoas partem, de vários modos.

Logo em janeiro, eu experimentei a sensação amarga de perder uma amiga. A morte é a pior das saudades. Por mais longe que more alguém, hoje existe internet, avião, webcam... Mas a morte não. Aquela pessoa nunca mais vai estar ali, vai dizer coisas que só ela diria, sorrir como só ela sorria. Aquela pessoa agora não é nada além de todas as lembranças que você tem dela, ela, de repente, vira apenas historia.

Dessa dor, da morte, foram duas vezes em 2009 que senti o gosto, mas da despedida, juro, perdi as contas. Foram incontáveis idas ao aeroporto, umas regadas a suor frio nas mãos, outras a fumaça de cigarro a cinco da manhã, outras ainda, a ursinhos e choro. E não foram só essas despedidas assim, no aeroporto. Em 2009, fui pela primeira vez a um encontro de estudantes. Fiz amigos. Vários estados, apenas uma semana, no fim, um bolo preso na garganta e a incerteza de quando nos veremos de novo. Era uma distancia até breve, seis meses, no máximo, mas ainda sim, a angustia de não tê-los aqui, todo o tempo, pesa.

Ingenuamente, achei que 2010 vinha pra ser diferente. Saudade foi o nome de 2009, esse ano não vai haver nem saudade nem espera. Será tudo diferente! Ledo engano! Janeiro mal terminou, e meu coração recém adquirido pra esse ano, já foi rateado em tantos pequenos pedaços... Saudade bate quando escuto All the single ladies, saudade de um cheiro bom de uma pessoa, saudade das conversas com sotaque paraibano... e a saudade já vem vindo por antecedência. Saudade das quartas feiras alcoólicas, saudade das palhaçadas totalmente sem noção, saudade de tudo. Tudo.

Não, não vai em 2010 que eu vou me ver livre desse sentimento. Pelo contrario, com tantas viagens, com tanta coisa acontecendo nesse ano furacão, saudade vai se tornar mais uma constante.

imagem: postal meu.

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